14 junho, 2011

A procura da minha obra prima,
 Sento-me a luz do candeeiro
 Esperando aguardar o momento
Perfeito para a levantar do pano.
 Escondida dentro de mim,
 Escondida dentro de cada um de vos
A perfeição mais pura
Está na imperfeição de todos nos

 E sabendo que eu sou o proprietário do perfeito,
Vou colocar o imperfeito no meu trabalho,
Fazendo dele o maior proveito
Elevando o meu ser humano Falhado.

 E como é que posso eu dizer,
Que a beleza está na geometria,
Porque se belo é o amor perfeito
Amor imperfeito me cria sinestesia.

Pois aos meus olhos o que por mim criado não é belo
aos olhos dos demais o criado por mim belo é
Não entendo portanto como me poderei agradar
Se o que faço é para eu quebrar
Nesta perfeição imperfeita que eu criei.

E no final de contas eu não presto
 Pois só me interessa agradar a mim
E se não faço nada de jeito
Para que continuar a mentir??

 Não merece a pena então
Partilhar o que eu faço
Para levantar-me a questão
De algo que está gasto!

 Gasto como as minhas palavras
Como as minhas rimas infantis,
Seguindo constantemente o mesmo padrão
Que um dia eu fiz.

Para que criar a minha marca?
Para que criar a minha obra prima,
Para que afinal alcançar o perfeito
Se o perfeito é o meu imperfeito
E o imperfeito não me contenta.
Neste monumento que me habita
 Tou aborrecido com a vida,
 Não compreendo porque é que me continuo a sabotar,
  Amargurado com o caminho
 Que por vezes pareço estar a tomar.
 
 Por vezes sinto que eu estou a aparecer,
 por entre a camada que me escondi
 Mas depois começo a desaparecer,
 Nas alturas em que preciso de mim.

 Não entendo o que se está a passar
 O porque de ter este manto sempre resurgido,
 Constantemente a tentar alcançar
 O sonho que espero nunca ter perdido.

 Não entendo o que faço,
 Nem entendo a atitude que tenho.
 Porque por vezes o que me parece correcto,
 É quando faço o menos certo.

 E é nesta estrada que percorremos,
 Nesta rota encruzilhada,
 Que tantas vezes nos perdemos,
 Tantas vezes nos maltrata.
 Que no final nos lembramos
 das nossas pequenas lembranças
 Aquelas que tantas vezes me aqueceram
 nas noites com menos esperança