09 outubro, 2006

Memorias

Acordou perdido numa rua , ja o sol ia alto.
Levantou-se com muito custo e olhou a sua volta.
Não havia nada que se parecesse com um quarto, não existia aquele cheirinho a café pela manha, ao seu lado só havia o seu amigo que a dez anos o acompanhava.
Magro e doente, o seu fiel cão parecia um espelho do seu estado.
As pessoas passavam e olhavam de lado.
Diziam coisas para parecerem piedosas mas não agiam, passavam, olhavam, repugnavam, comentavam a tristeza que havia nos seus olhos.
Mas nenhuma se interessava pelo seu verdadeiro estado.
Sem sapatos e roupa rasgada ele ali estava, perdido no mundo, pedindo por algum pão.
Dantes quando era mais novo, tentou uma vida melhor no estrangeiro deixando a mulher que o amava e que sempre o amou na terra, tentou com toda a sua vitalidade dar o que desejara aos seus filhos, e conseguiu com muito custo, passou fome, foi explorado, quando voltou a mulher ja não o amava e amava outro, e os filhos que tinha ja chamavam pai a outro.
A familia esqueceu-o, mas ele tentou recomeçar denovo.
E agora, infeliz, perdido, tem na sua mão uma foto dos filhos que vivem num edificio de luxo.
E as memorias de uma vida que o tempo a muito levou.

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